segunda-feira, 14 de abril de 2014

Silveiras

Brasão da Cidade de Silveiras

A família do papai era toda lá do norte de São Paulo, da cidade de Silveiras, cidade classificada por Monteiro Lobato*, no livro intitulado Cidades Mortas, como uma das cidades mortas do interior do Estado de São Paulo. Mas, hoje, um século depois, está como Fenix, ressurgindo das suas próprias cinzas.
São cidades características pelo seu povo simples e trabalhador, sem entrosamento de outras raças. Vi, outro dia no jornal, a cidade de Silveiras, com suas casas, muitas que ainda conservam estilo colonial e, outras, já acompanham o estilo novo, modernas.
Sapé e Areias, lugarejos próximos a Silveiras, que papai contava as andanças dele e dos parentes por lá.

Foi um tio avô dele que fundou Silveiras, e, deu o nome à cidade que até hoje o conserva. O meu primo, *João Batista de Mello e Souza escreveu um livro sobre os Silveiras, entre muitos outros.
Minha avó Maria Carlos da Silveira, casou-se com meu avô Manoel Toledo Pires, e, teve todos os filhos lá, na pequena vila de Silveiras. Educou as filhas e, depois de viúva, criou galinhas, fez doces e pratos salgados para sobreviver, pois meu avô deixou todos os filhos muito novos. As filhas eram: Carolina, Elisa, Maria José e tia Nhazinha. Os filhos eram Manoel Carlos (papai) e Deolindo Carlos de Toledo. Não usaram o Pires do pai e nem o Silveira da mãe. Foi uma família dispersa pelas condições de vida, depois de todos eles criados. As moças formaram-se professoras e sairam lecionar em Cachoeira e em escolas particulares, como tia Elisa. Aí minha avó já pode descansar mais dos trabalhos caseiros. Tia Nhazinha morreu moça, deu muito trabalho para a família, devido a um casamento desastroso que a levou cedo, deixando um filho com dois anos. Foi tia Eliza, já casada com tio João Batista quem acabou de criá-lo. O menino formou-se mais tarde professor e, depois, trabalhou por muitos anos na Delegacia Fiscal em São Paulo.
Sebastião Toledo, filho de Nhazinha, casou-se com Lidia Guzzi, moça muito prendada e trabalhadeira, que lhe deu três filhas: Lucia, Maria Helena e Olga. As duas primeiras casadas e já avós (1984). A Olga mora com a mãe em São Paulo.

Papai veio moço para Serra Negra, depois de trabalhar em Mogi Mirim, onde perdeu um amigo quando no surto de febre amarela, que aconteceu nos fins do século passado (século XX).
Meu pai era contador e foi trabalhar com meu avô Braz, em seu armazém e loja em Serra Negra. Tinha dezenove anos quando casou-se com mamãe. Acabou tomando conta de toda a família, quando meu avô morreu no fim do século. Meu pai era um homem de grande coração. Cuidou da sogra como se fosse um filho. Nem os próprios filhos cuidaram dela, dando a assitência que ele deu. Respeitador, elogiava seus quitutes, e, se respeitavam muito. Sentiu muito quando ela morreu em 1925, com 74 anos de idade.
Pobre vó Marica, sentia muito a vida que ela levava, sempre preocupada com os filhos ausentes. O Padre Tancredo, que foi para outro Estado (Rio Grande do Sul) e nunca mais voltou. Tirou a batina e por lá ficou para sempre. Morreu com 86 anos e oito filhos já criados, entre homens e mulheres. A viúva, uma filha de salsicheiro, muito assanhada, para conquistar padre (também não culpo só a ela, pois quando um não quer...).

Outro que morreu também depois de vó Marica, foi o tio Carlos Blotta, ficando o tio Januário, que enviuvou e tornou-se a casar, tendo mais dois filhos, Saul e Claudio, também já casados e com filhos. As duas mulheres do tio Genu, a primeira Oscarlina de Castro e a segunda, Altemira, que faleceu três ou quatro anos depois dele.

A família Blotta continua em Serra Negra, onde está enterrado o meu avô, o meu pai e meu filho que faleceu aos três anos de crupe*, José Hildebrando. 


* livro: Cidades mortas – Monteiro Lobato

*João Batista de Mello e Souza nasceu em Queluz, Vale do Paraíba/SP, em 28 de maio de 1888. Muitos livros publicados, entre eles: "Menino de Queluz", "História do Rio Paraíba" e "Canções da Escola e do Lar". Morava no Rio de Janeiro. Era irmão mais velho de Júlio Cesar de Mello e Souza, o célebre escritor que adotou a alcunha literária de Malba Tahan.

 
*doença infantil que tem sintomas característicos como tosse e respiração difícil.

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