quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Testemunho

"Do livro a sair – Recordando, lembranças da minha terra..."
Confesso que sempre gostei de poesias, versos, poemas e canções. Era um sonhar gostoso, que me levava aos páramos* da imaginação, deleitando-me por muitas horas, quando me permitiam os afazeres. Eu lia muito e a leitura sempre foi o meu ponto fraco, como percebi depois dos meus quinze anos. O meu aprendizado foi mesmo em casa, onde não faltaram os livros bons de estudo, de literatura, policiais e de ficção. Mas a poesia, na minha infância, me enlevaram**. Lembro-me do meu pai recitando sentado na rede, comigo ao colo me embalando. Recitava os versos de Casimiro de Abreu, de Gonçalves Dias e, os meus ouvidos apurados iam guardando as estrofes, os versos e as rimais deliciosas da flor do maracujá.

Mamãe também recitava os cantos religiosos de Nossa Senhora, do Coração de Jesus e, ao mesmo tempo, orações em versos do Anjo da Guarda. Era tudo tão sadio e acolhedor. Havia tempo para ensinar os filhos ao cair da tarde, depois do jantar simples, mas sempre muito bem feito pela avó Maria (Marica). Ela se dedicava com amor aos filhos e netos e, foi assim até morrer, uma heroína muito humilde. Também devo à minha avó o prazer de ouvir as belas histórias de contos infantis e as cantigas de ninar que também cantava para os netos: Flor do Maracujá, Casinha Pequeninha, Meus oito anos, Cajueiro Pequenino, Luar do Sertão, Minha Terra tem Palmeiras, Poesias, Cantos de roda.

* páramos - planície deserta. o firmamento, a abóbada celeste.
   O cume, o ponto culminante.
** enlevar - encantar-se