sábado, 15 de março de 2014

Brincadeiras de criança

Rua José Bonifácio - Serra Negra

“Se esta rua, se esta rua fosse minha,
Eu mandava, eu mandava ladrilhar,
com pedrinhas de brilhantes
para o meu, para o meu amor passar...”

Nas tardes mornas da minha cidade, que ainda não era uma velhinha centenária, nós, as meninas da minha rua José Bonifácio, saíamos a brincar de roda.
Eram as canções caboclas do nosso Brasil, de Minas Gerais, Bahia, e alguma traduzidas bem ou mal, mas dava para entender, pois o melhor era mesmo cantar...

Nossos pais, das janelas ou sentados nas cadeiras na calçada, conversavam com os vizinhos ou Padres, apreciando nossa brincadeira infantil: a cabracega, o chicote queimado, esconde-esconde, amarelinha, que falávamos até chegar no Céu...
As meninas eram muitas: Carminha, Maria Luiza, Ana Pinto, Alzira, Tita, Maricota e muitas outras.
As histórias se sucediam, pois todas queriam mostrar sua sabedoria em histórias do Saci, de fantasmas que deixavam a gente morrer de medo.

Os moradores da rua José Bonifácio, 1915 à 1918, todos antigos da cidade, eram os Godoi, os Marques, os Fiorentini, Oliveiras, Vergal, Patrícios, os Assís, Abreu, nós os Toledo, os Tozzine. Tinha a telefônica do Misaque, o jornal do Raul Marques. Na esquina, o Teatro Municiapal e ao lado o hospital, que aos domingos íamos visitar os doentes e pegar as frutas que o zelador e enfermeiro Joaquim nos deixava apanhar... como um cosmorama colorido, vejo repassar na minha recordação cheia de saudade, toda essa gente, antiga e amiga.

Veja minha boa velhinha, que nesse tempo ainda não eras ainda centenária, a minha rua não tinha bulício a não ser nas ruas que terminavam as aulas do Grupo Escolar e a algazarra das crianças que, concorreria, enchiam o ar silencioso de gritos e risos infantis.
Não havia armazéns, nem lojas, nem carros buzinando pela rua calma.
A nossa vida era então, como um “seio de Abraão”...

Nenhum comentário:

Postar um comentário