segunda-feira, 5 de maio de 2014

Coisas de cidade do interior


Entrei para a escola, em 1912 e, o diretor ainda era o Dr. João de Toledo, que no ano seguinte, mudou-se para São Paulo, deixando o Prof. Frederico Domingues em seu lugar. Depois veio o Prof. Leonidas, com sua Sra. Calisa. Fiz o grupo escolar e depois o preparatório, que não deu em nada, pois não pude ir estudar em São Paulo, nem em Campinas, porque papai não podia pagar a pensão!

As moças e moços que estudavam fora, tinham parentes ou, podiam manter-se em pensões. Minha tia Eliza, que residia em São Paulo, negou-se a receber eu e a Lourdes e nem ofereceu a casa, ela disse que não queria meninas em casa, porque já tinha um sobrinho, o Sebastião, que criara e educara. Eu, então, me dediquei a aprender costura, bordado a máquina e outras atividades caseiras, pois serviço não faltava em casa, com tanta criança e, eu, ajudava o máximo que podia.

Em Serra Negra, como em todo interior, não era fácil para uma moça trabalhar sem ser professora, ou mesmo secretária, que naquele tempo não havia. Lecionei em escolas municipais uns tempos, mais tarde como substituta no Grupo Escolar, onde estive por muito tempo, até me casar. Meu irmão, de quem ainda não falei neste trecho, também fez o curso primário, no mesmo grupo que eu estudei. Mas, o Mário Toledo, era bastante inteligente, embora um pouco dispersivo. Gostava imensamente de pintura, mas era inconstante. Seus trabalhos em Serra Negra, sempre foram admirados por todos e, os comentários que se fazia a seu respeito, eram os mais elogiosos que se possa imaginar. Meu filho (Francisco Isolino Siqueira – Tio Xyko), em uma de suas visitas a Serra Negra, cidade onde nasceu, ainda conheceu um afresco feito pelo Tio Mario, conforme lembra-se muito bem, pois nessa época ele devia ter mais ou menos uns 9 a 10 anos, quando foi passar as férias na Fazenda em que era administrador, Sr. João Patricio, era pai de alunas do Hildebrando, em Amparo. Mas, para falar do meu irmão Mario, eu o farei em outra oportunidade. Serra Negra, diziam os antigos daquela época, “era bananeira que já deu cacho”. Mas, se tudo estacionou, foi por culpa daquela gente sem ideal, sem estrutura para o progresso. Nada faziam para melhorar a cidade. Nada que pretendiam ia para a frente, por falta, exclusivamente, de base e união. Foi o que sempre faltou, nas mínimas coisas, até mesmo no reconhecimento de seus antepassados, como é o caso de meu pai Manoel Carlos de Toledo, que tudo fez pela cidade, que nem era sua, mas a considerava como o sendo.

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