sexta-feira, 20 de junho de 2014

A Festa de Santa Cruz




O passatempo no sítio, onde lecionei durante dois anos era, às tardes, sentar-me debaixo das frondosas árvores no pasto, onde havia uma brisa fresca que deixava a gente ficar à vontade, depois de um dia cheio de calor. Ali, a gente lia, fazia alguns versos que eram guardados ou rasgados.
Eu sempre gostei de escrever e, achava falta, na correspondência de casa, jornais, revistas e mesmo cartas de Hildebrando, que quando eu chegava em casa, lá estavam a me esperar. Ele sabia que aos sábados eu estava em casa e, por isso, enviava nos dias que não ia também.

Ele trabalhava na revista “Onda” em Campinas e no Jornal Gazeta de Campinas. Escrevia crônicas e redigia o jornal juntamente com o Benedito Cavalcanti e outros. Nesse tempo, ele já conhecia o Zeca Mendes e o Cesar Otaviano que era cantor. O Chico Hadad e mais outros colegas de jornalismo, Aristides Monteiro, Honório de Sillos e, um outro poeta que era de Minas e também o de Capivari que trocavam correspondência – mais tarde morreu tuberculoso, não chegando a se encontrarem.
Hildebrando era também da turma futurista de Mario de Andrade, Osvald de Andrade, Tarsila do Amaral, Álvaro Moreyra e sua mulher; e sempre dava notícias das reuniões das quais tomava parte.
Eu ficava a ouvi-lo entusiasmada com as novas que acontecia. E do movimento dos poetas entre eles: Menotti Del Picchia, que fez o seu autorretrato, oferecendo a Hildebrando, que ficou radiante com a oferta.

No sítio, a minha distração era ouvir os passarinhos, tratar de galinhas com a dona da casa e, ir nos dias que era tradicional de rezas de Santa Cruz, de Sant’Ana, dia três de maio e 26 de junho, costurar para as crianças da casa e bordar.

Fomos, numa tarde muito bonita, em turma, para um sítio perto, mais perto de Amparo que de Serra Negra e, lá, passamos umas horas ouvindo os violeiros tocarem e cantarem, fazendo desafio uns para os outros e oferecendo também versos às moças. Eram de Itapira, os tocadores irmãos Serra. A mim dedicaram uns versos que me encabularam, pois diziam que eu estava triste, talvez com saudades de alguém que estava distante, mas eu acho que eu estava era cansada, pois andamos a pé um estirão de estradas e eu já estava pensando na volta, no escuro da noite. Eu sem traquejo de andar no caminho, que pela primeira vez andava e, não conhecia direito. Foi o que aconteceu, na hora de voltarmos, peguei no braço de uma das mocinhas da família Moser, que me ajudou a atravessar a pinguela...

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